“Vá com calma, Paula”, a voz de Fernanda chegou entrecortada aos meus ouvidos, seus olhos sorriam. “Temos a noite pela frente”. Olhei aquele amontoado de gente bebendo e dançando na quase escuridão e pensei em um milhão de coisas que eu costumava estar fazendo naquele horário.

Virei mais um copo de tequila que desceu deliciosamente pela minha garganta. “Dane-se”, gritei de volta pra ela, “Eu vou dançar a noite toda e vou… oh merda, eu vou fazer qualquer coisa que eu jamais faria”.

Fernanda, minha melhor amiga, sorriu de volta e abriu espaço para que saísse do bar e fosse para a pista de dança. Ela sabia no fundo ela realmente entendia o que era precisar fazer e ser qualquer coisa que não fosse você, que não fosse seu maldito dia e seu maldito noivo infiel.

Dane-se, sussurrei para meu mais novo copo de tequila, virando-o de uma vez.

A música estava alta, os corpos estavam quentes, encostando um no outro, mas eu não me importava. A batida era sensual, eletrônica e ritmada e tudo o que eu queria era deixar me perder, e assim eu o fiz.

Não sei ao certo quanto tempo dancei, nem se estava dançando tão bem quanto pensava. Mas ali, entre aquele emaranhado de corpos, eu o vi pela primeira vez.

E ele estava me olhando, parado num canto um pouco mais escuro. Os olhos fortes, penetrantes e negros… E um meio sorriso capaz de levar qualquer mulher a um orgasmo, pois era um sorriso que convidava qualquer imaginação as melhores fantasias.

Fechei os olhos e mordi o canto dos lábios, sem parar de dançar. Sem na verdade, não conseguir pensar em nada além dele me olhando. Há quanto tempo não faço isso? Pensei, há quanto tempo não flerto com alguém descaradamente? Séculos. A ideia é deprimente. Vamos lá, senhorita Pérgamo, vamos voltar à ativa.

Continuei dançando e ele parado, olhando diretamente pra mim… Com aquele meio sorriso presente, me deixando excitada com a ideia de me aproximar e olhá-lo de perto.

Pensando no meu último e fiel copo de tequila, me aproximei. “Qual o problema?”, perguntei, sem conseguir conter meu próprio sorriso, “Está com medo de dançar? Eu não mordo”.

“Meu medo não é que você morda moça”, ele respondeu, olhando diretamente pra minha boca, mas sem se aproximar.

Sua voz era rouca e imaginei como seria tê-lo gemendo aos meus ouvidos… “Aliás”, ele continuou, “seria uma pena se você não mordesse.

A visão é privilegiada daqui e eu gosto do que vejo”, ao terminar a frase ele dirigiu os olhos descaradamente para meus seios, que estavam expostos num belo e generoso decote. Eu estava morrendo de tesão por aquele estranho.

“E o que você vê?”, perguntei, chegando um pouco mais perto, nossos corpos praticamente quase colados, a musica agora mais alta. “Eu vejo”, ele começou, segurando devagar meu rosto e colando a boca aos meus ouvidos, “Eu vejo um milhão de coisas, mas também não vejo nada.

Só posso dizer que gosto e que adoraria descobrir mais… muito mais”.

Cada palavra foi sussurrada calmamente, despertando em mim o desejo que há muito tempo eu não sentia por alguém. Ainda não sei dizer como exatamente fizemos isso, mas suas palavras, sua respiração, seu maldito sorriso…

Quando dei por mim, sua boca já estava na minha, quente e firme. E, oh droga, pra mim não existia mais ninguém naquela boate lotada.

Não houveram apresentações, nem cantadas sem graça na escuridão… Apenas aquela maldita respiração no meu pescoço e um corpo que se movia perfeitamente junto ao meu. Suas mãos deslizaram suavemente pelo meu quadril, enquanto sua boca tomava a minha.

Oh céus, pensei, eu quero mais. Quero esse corpo tocando meu corpo, quero prová-lo, quero que essa noite termine diferente de tudo o que eu já fiz.

Suas palavras chegaram sussurradas à minha pele, arrepiando cada centímetro. “Venha comigo”, ele disse, seu sorriso perturbador sob as luzes quentes… “Eu consegui sentir você muito antes de tocá-la”, me concentrei em seus lábios, no modo em que ele pronunciava cada palavra…

Esparramando-as deliciosamente, quase como se fosse outra língua, outro idioma sexy demais para ser pronunciado por qualquer outra pessoa.

Antes que eu pudesse pensar na ideia de dizer não, antes que eu pudesse pensar aonde Fernanda se encontrava ou se poderíamos ser pegos, já estávamos num corredor.

Incrivelmente ainda mais escuro, onde a música surgia abafada. Ele não parava e nem hesitava em me tocar, e aquilo era maravilhoso.

Ele pressionou bruscamente meu corpo contra a parede fria, fazendo com que minha pele ficasse mais sensível com o contraste de calor.

Eu não conseguia falar, não conseguia expressar o que estava sentindo. Algo em mim despertou por aquele corpo… Algo inexplicável, algo que me dava medo.

Ele não era delicado, não era do tipo que falava ou perguntava aonde podia tocar ou fazia tentativas de mão boba… Naqueles minutos em que tocou meu corpo ele foi possessivo e autoritário, mas eu não me sentia vulgar.

Aliás, pelo contrário. Naquele momento, num corredor escuro de uma boate, eu me senti desejada. Porque às vezes tudo o que uma mulher precisa é disso: desejo.

Estremeci sob seus lábios e quase como se ele soubesse da sensação que me acometia de repente, passou a mão por baixo da minha saia curta deixando que qualquer pensamento racional se esvaísse por completo.

Quero senti-lo, eu pensei, deixando que ele entrasse com dois dedos em mim, Droga… Eu quero muito sentir cada parte dele.

“Você é gostosa”, ele disse, mantendo uma mão na minha nuca e a outra no meio das minhas pernas, enquanto eu lambia seu pescoço e sentia seu peitoral me pressionando contra a parede, “Droga, você é realmente muito gostosa garota”.

Seus dedos continuavam entrando e saindo, deixando que fosse impossível pra eu dizer uma única palavra, porém eu respondi do jeito que sabia que ele entenderia, passando as mãos por debaixo da sua blusa branca eu o arranhei enquanto ele me fodia com os dedos e… Foi perfeito.

Essa é a palavra exata para descrever o momento: perfeito. E, ao ouvi-lo dizer um palavrão sussurrado e entrecortado, eu soube que ele concordava.

Ele poderia me tomar naquele momento se quisesse, porém eu sabia que ele estava esperando uma resposta minha, um consentimento ou um sinal de que sim, ele poderia fazer o que bem quisesse, pois minha vontade era igual à dele… Na mesma medida louca e irracional.

Mas eu não disse nada. Não conseguia. Estava com medo de dizer algo e o fogo se esvair, com medo da verdadeira Paula vir à tona, com suas regras e pesos emocionais e. Oh, céus, eu era a última pessoas da qual precisava naquele momento.

Ele rodeou meu clitóris e alternou entre a penetração de seus dedos, segurando minha cintura com a outra mão, sorrindo sensualmente quando eu gemi alto.

Eu não estava com vergonha, na verdade eu não estava conseguindo pensar muito bem, deixei minha cabeça encostar contra a parede e fechei os olhos. “Vamos garota”, ele grunhiu, “Me deixei ver você gozar…

Deixe-me lembrar de você assim, exatamente assim, pela manhã”, sem aguentar mais, eu me rendi. Deixando que a sensação do orgasmo proibido a beira de uma parede e de um corpo quente me preenchesse e fizesse formigar de prazer todo o meu corpo.

Ele não parou, apenas abrandou o ritmo do seu toque e lambeu meu pescoço, me soltando bem devagar em seguida.

Eu me sentia desejada e realizada e. oh merda, eu me sentia viva pra cacete. Ele estava esperando alguma reação minha, ainda colado ao meu corpo ele permanecia calado e sério, olhando fixamente para meu rosto.

Mordendo o lábio, ajeitei minha saia e mandei Paula Pérgamo para o fundo do baú, “Vamos”, eu disse, lambendo seu queixo e sua barba por fazer. “Vou mostrar a você o quanto é bom quando eu mordo”.

Piscando e tomando a dianteira, deixei meu estranho com dedos mágicos me seguir… Para onde? Qualquer lugar. Naquele momento o que eu precisava era tê-lo por dentro, por perto, em todo o lugar do meu corpo.

E o amanhã? Bem, essa já é outra história. ”

Conto enviado ao Blog Contos Fetiche por Mozert(Fonte: Blog Além do Prazer).

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