Este conto é com base em um dia trivial de um sexo casual. “É legal daqui de cima”. Da cobertura, olhando a noite do alto e bebendo uma ceva, eu penso sobre algumas coisas. Uma delas é que a cerveja poderia estar mais gelada, mas… Quer saber? Deixa assim. Está gostosa o suficiente. Ainda quieto, curto o que acontece na cidade lá embaixo.
Laura me ligou mais cedo. Aceitei o convite dela em vir aqui, respirar bons ares. Ela está elegante como de costume. É curioso vê-la aqui, comigo, no lado de fora do apartamento.
Escorada no parapeito de vidro me acompanhando nos pensamentos talvez, me tocando sem me olhar… curtindo a noite.
Se ela bebe? Ela já prefere os destilados. De leve, mas os prefere, sim. Deixe ela com o Johnnie Walker. Estou bem indo de Stella.
O vento faz os seus cabelos provocarem cócegas em meu rosto e acho tudo isso bem interessante. Aquele cheiro de cabelo de mulher… É. Ela é uma boa companhia. E esse vento? Nem quente, nem gelado. Simplesmente agradável.
Uma noite interessante por mais que nuvens se aproximam tirando um pouco da claridade da lua.
“Foda-se”, é o que eu realmente penso. Não preciso de filtros agora, basta não verbalizar. A Laura é uma garota legal, não é do tipo de mulher que aprecia um palavreado mais solto. Não agora. “Vai… as coisas estão indo bem”, penso confiante ao olhar para o pescoço esticado dessa gata, fitando as luzes mais distantes da cidade abaixo.
Atrás de nós dois, uma festa rola. O som vem lá de dentro, mas conseguimos ouvir bem daqui de fora. Há janelas de vidro tão grandes que parecem com paredes. Paredes que separam virtualmente quem está lá dentro de quem está aqui do lado de fora.
Lá dentro, tenho a sensação de que tudo está em câmera lenta. Pessoas sentadas e outras em pé. Nenhuma anda, não há empurra-empurra. Prevalece a elegância e o conforto. Veja bem, é uma festa privada. De amigos e convidados. É bacana assim, eu prefiro.
Todo mundo conversando, rindo, sorrindo. Copos em mãos, destilados e energéticos dentro deles. O clima é leve, mas as intenções… bem… essas eu não posso ver, mas a Laura e eu podemos imaginar.
_ O que tu achas de sairmos daqui? Sei lá, você mora aqui no lado… — diz Laura quase que sussurrando em meu ouvido
_ É a primeira vez que ela me olha realmente nos olhos desde que viemos aqui pra fora, no parapeito. Não há dúvidas de qual seria a minha resposta à uma companhia tão interessante.
_ Claro, doce. Vá se despedindo do pessoal enquanto pego a chave do carro.
Me dirijo à porta de vidro que separa os ambientes e, ao fundo, está Laura se despedindo de algumas meninas que também haviam ido pegar um ar. E eu? Estou aqui, abrindo a porta de vidro e fitando meus amigos que, dentro do ambiente, nos sofás com suas garotas, me olham.
Passo por eles acenando com a mão enquanto ouço as passadas seguras da Laura vindo atrás. Mulher que sabe caminhar de salto alto é outra história. Também deixo aos amigos uma piscadinha de olhos como quem diz “Aham, tá tudo bem”. Um “tchau” pra todo mundo e lá vamos nós. Agora, a caminho do meu apartamento.
A noite está realmente escura, mas com o painel do carro ligado a luz negra ilumina levemente aqui dentro do Subaru. Vejo com nitidez somente o branco dos olhos e dentes da Laura, suficiente pra eu perceber sem olhar com mais atenção que ela está sorrindo e me fitando.
Nenhuma palavra está sendo dita. Apenas o som do rádio que acabo de ligar. A morena do meu lado está me namorando com os olhos, então vou deixá-la fazer isso sem interrompê-la.
Embora a Laura e eu nos conheçamos desde o último semestre da faculdade, coisa de dois anos, apenas nas últimas semanas retomamos o contato após ela ter me procurado. No passado, rolava olhares, mas não passava disso. Jovens. Agora estamos chegando na minha casa, na toca.
Daqui pra frente “o roteiro foi escrito e lido”. Ela seria imprudente em ir à toca do lobo esperando não ser o café da manhã. Estamos a dois toques do meu endereço. Olho com calma na direção dela pra dar-lhe tempo de perceber meu movimento, mas não a encaro, olhando apenas para suas pernas unidas e inclinadas para o meu lado.
Ela está sentada de lado, totalmente virada pra mim. Volto minha atenção para as ruas à frente, mas ponho minha mão direita sobre seus joelhos, intercalando os movimentos de meus dedos em suas coxas descobertas.
Agora não preciso entregar meus olhos para mais nada além das ruas desertas por onde dirijo. Minha mão direita está entregando tudo o que eu quero dar à ela agora.
Autoria: Conto erótico enviado/ escrito por Aldo
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