Depois de uma longa semana de trabalho em Belo Horizonte, decidimos aproveitar a noite de sexta-feira antes de nos preocuparmos com nossos voos no dia seguinte. Como o embarque estava marcado para o período da tarde, as duas colegas cariocas e eu não vimos problemas em estourarmos o horário.

Pegamos um táxi e pedimos ao motorista que nos deixasse num bom ponto da Savassi, onde pudéssemos comer e depois caminhar até alguma boate próxima. Ficamos por quase duas horas num McDonald’s antes de começarmos a procurar algum lugar com boa música e pessoas interessantes.

Numa pequena praça na esquina entre a Avenida Getúlio Vargas e a Cristóvão Colombo, observei uma loira gótica sentada na calçada. Não pude deixar de notar que estava sozinha, olhando a avenida e esperando, talvez, uma pessoa conhecida. Sem pensar muito, imediatamente mudei a direção da minha caminhada, deixando minhas colegas cariocas sem dizer uma palavra e me aproximando da loira. Assim que comecei a me sentar, disse:

— Não resisti à vontade de vir aqui te parabenizar.
— Ãhn? — ela perguntou, enrugando a testa e mal fazendo esforço para me olhar nos olhos.
— Eu disse que não resisti à vontade de vir aqui te parabenizar. — O ar de desdém continuou em seu rosto. Senti-me obrigado a fingir que ela perguntou “por quê?” e continuar a conversa, antes que o momento se tornasse constrangedor. — Você tem um estilo que realmente chama a atenção.

Normalmente a sinceridade sempre cai bem para iniciar uma conversa, pelo simples fato de dizer algo que, se verdadeiro, não se parece com uma cantada ensaiada. Entretanto, essa estratégia não parecia funcionar com ela.

Depois de um frio “ah, tá”, ela desviou o rosto em direção à avenida. Rindo daquela situação de total indiferença que ela demonstrava, provoquei:

— Então quer dizer que você é uma dessas pessoas clichês que não conversam com as outras que não têm o mesmo estilo que o seu?

Os olhos dela se prenderam com firmeza aos meus numa virada rápida de cabeça. Parecia irritada com a pergunta, de um modo no qual eu deveria me tornar apreensivo pelo que poderia vir a seguir.

Contudo, o que realmente chamou minha atenção, foi à leveza com que seu cabelo dourado liso balançou no ar até tocar novamente sua bochecha ao final desse movimento brusco.

— Aqui — ela começou a dizer com a voz firme. Eu deveria ficar receoso com esse início áspero — suas amigas patricinhas não estão esperando você não?

Subitamente me lembrei de que havia deixado minhas colegas de trabalho do nada. A poucos metros dali, observei as duas em pé em frente a uma ótica, olhando em minha direção.

— Sim, elas estão me esperando. — Eu estava ciente de que sua pergunta era um modo sutil de encerrar minha tentativa de aproximação, então forcei mais um pouco a franqueza. — Mas vou ser sincero com você: eu ficaria profundamente chateado se perdesse a chance de te conhecer, por mais chata que pareça ser num primeiro momento. Eu gostei do seu estilo, acredito que seja uma pessoa legal.

— Não ficaria nada. Eu sou chata, não tá vendo? Você mesmo disse.

— Não, não estou — respondi cinicamente e otimista, como se não tivesse mencionado isso antes. — No máximo acredito que seja assim só no início. E espero estar certo quanto a isso.

— Aqui… Você é totalmente o oposto de mim. — Após um leve intervalo, ela respirou fundo. — Suas amigas continuam te esperando.

— São colegas de trabalho. E assim como eu, também não são daqui.

— Ah, tá! — Por um segundo achei que ela fosse desviar novamente o rosto e direcionar seus olhos castanhos delineados por uma cor preta pesada para outro lugar. — Você não é daqui? Trabalha com o que?

— Viu? Eu estava certo! Você não é tão chata quanto pareceu no primeiro momento — falei, com um sorriso satisfeito e curto nos lábios. — Eu já te respondo. Vou avisar as minhas colegas que ficarei por aqui para te conhecer melhor

— Meu namorado já deve estar chegando — exclamou ela com a voz um pouco mais alta, certamente para que eu a ouvisse a alguns passos de distância, como já estava.

— Até lá eu te faço companhia!

Depois de pouco mais de uma hora de conversa, minha descrição a seu respeito já conseguia ser mais detalhada. Além da pele incrivelmente branca, dos olhos castanhos claros delineados de preto com extrema perfeição, do cabelo loiro liso que terminava a um palmo do cóccix.

Ela se chamava Verônica, tinha vinte e dois anos, um metro e sessenta e sete de altura – contando com os quatro ou cinco centímetros a mais que o coturno lhe concedia – e não, não tinha namorado.

Ela só “estava te testando para ver se era só mais um playboyzinho cheio de segundas intenções ou se era melhor que isso”, nas palavras dela a mim, quando perguntei se o namorado dela estava perdido para encontra-la.

Caminhamos para a “Mary In Hell” e lá conheci outras amigas dela. Transpirei horrores naquele lugar deficiente de ar condicionado, mas abundante de pessoas bonitas e alternativas. Conversamos interruptamente, salvo raros momentos em que uma amiga ou outra perguntava algo a um de nós.

Depois de muita conversa, decidi matar uma curiosidade, perguntando-lhe quantas tatuagens tinha.

— Então quer dizer que você é uma dessas pessoas clichês que acham que todas as góticas têm que ter tatuagem? E piercing no mamilo também?

De súbito caí numa enorme gargalhada e senti parte do meu rosto corar. Não estava preparado para ouvir minhas próprias palavras sendo usadas contra mim, tampouco ouvir a última pergunta.

— Ok, minha culpa. Eu meio que tenho um estereótipo — confessei, esperando a vermelhidão passar.
— Por que você ficou vermelho? Nunca viu uma mulher com piercing no mamilo?! Um bem delicadinho, num biquinho rosa… Nunca? — Ela provocou caindo na gargalhada enquanto tocava a mão no meu peito. — Nunca chupou o peito de uma mulher e prendeu com os dentes o piercing dela? — Ela parecia estar se divertindo com o rubor das minhas bochechas.
— Não, nunca — respondi rindo sem graça, me sentindo intimidado pelas perguntas e pelo modo desprevenido que ela me pegara, mas gostando do assunto.
— E tem vontade de ver?
— Claro!
— Quer ver?
— Duvido que você tenha um piercing aí!
— Duvida? — ela perguntou, como uma criança que havia acabado de ser desafiada a provar algo.
— Duvido! — rebati, como se outra criança tentasse intimidá-la obrigando-a a provar o que queria. —A única dúvida que não tenho nesse momento, é que essa conversa me deixou excitado.
Verônica lentamente aproximou seu corpo ao meu, sem desviar o olhar.
— Então deixa ver se você está excitado… Que eu deixo você ver meu piercing.

Em questão de segundos fiquei preso contra a parede num beijo incrivelmente molhado, sentindo a pressão de seu quadril sobre minha virilha. Ela com certeza queria sentir o quão excitado aquela conversa havia me deixado, e não apenas podia confirmar isso, como também me estimular ainda mais.

Entramos em transe com os lábios unidos. Nossas mãos e línguas dançaram livremente. Perdemos-nos num beijo que – imagino eu – durou aproximadamente uma hora, até que a boca dela suavemente se desprendeu da minha e tocou ainda úmida meu ouvido.

— Vamos sair daqui.
— Vamos — respondi também em seu ouvido, mordiscando-o delicadamente e deslizando minha mão em suas costas e a forçando para cima de mim. — Você tem que me mostrar o piercing, né?

***

Saímos às pressas da boate. Por sorte ela iria dormir no apartamento da amiga que ficava a poucos quarteirões dali – e por mais sorte ainda, ela já havia pegado as chaves. Mesmo próximo, a cada quinze ou vinte passos parávamos e dávamos outro amasso. Fizemos isso umas sete vezes.

Numa delas, lembro-me da voz de uma senhora dizendo sozinha “que horror”, e depois bater a porta de vidro pesada da portaria de seu prédio, onde nos agarrávamos.

No elevador, não nos descolamos. Ela já havia apertado e segurado de todas as formas possíveis minha ereção sobre o jeans, com a ponta dos dedos e também com as unhas. Segurou-a por todo seu comprimento, pressionando entre o polegar e o indicador o que julgava ser a ponta do meu membro rígido.

E eu já havia percorrido com as mãos uma boa parte de sua pele; já havia apertado sua bunda como se estivesse nua, já havia sentido uma peça metálica peculiar sob um dos lados do sutiã e havia assaltado o outro seio que se escondia no lado oposto.

Ao entrarmos, mal pude observar onde estavam os móveis. Fui levado aos beijos e apertos até o sofá. Verônica não fez questão de ligar a luz, pois a claridade que entrava na sala através do enorme vidro que dava acesso a sacada dispensava qualquer iluminação artificial.

No sofá, sentada no meu colo como se fosse me cavalgar, ela retirou violentamente minha camisa polo e também sua própria blusa. O desejo estava evidente nos beijos molhados, intensos e desenfreados. Uma mão arranhava minha bochecha e a outra agarrava firme meu cabelo.

Ela mexia o quadril de um modo cada vez mais sensual, pressionando ainda mais minha rigidez. A calça de couro que usava fazia um leve barulho com o atrito do mesmo material do sofá toda vez que seus joelhos se separavam mais para aproximar nossos sexos.

Desabotoei o fecho frontal do sutiã e ela mesma se encarregou de inclinar os seios em direção a minha boca. Beijei o espaço entre eles cheio de desejo, enquanto minha mão percorria sua espinha e seu quadril movia-se em diversos sentidos sobre minha virilha.

Num único impulso passei minha língua de um seio ao outro, agarrei um deles com força e abocanhei o que estava desprotegido com toda vontade, arrancando um suspiro desconsolado dela, de quem perde todas as defesas e se entrega completamente ao desejo.

Com a língua levemente tensionada, circulei o mamilo numa espiral indecente até o ponto metálico, sentindo-o enrijecer-se ao final do movimento travesso. Suas unhas fincaram no meu cabelo e sua respiração já oscilava pesada, rápida e quente na direção do meu ouvido.

— Morde, cachorro — mandou, ofegando.

Meus lábios deslizaram juntos para o centro abrindo espaço para os dentes, que pararam com a pressão ideal, no limiar da dor, disparando a libidinagem a um nível mais intolerável.

Ainda abri e fechei a boca mais quatro, cinco ou seis vezes antes dela puxar com força minha cabeça para trás e morder com veemência meu lábio inferior, levantando-se e colocando-me de pé a sua frente.

Sem dificuldade ela removeu o cinto e abriu minha calça. Contudo, no exato momento em que ia me empurrar para o sofá, a puxei com força para meu corpo, de costas, juntando suas mãos para trás como se fosse algemá-la.

— Eu primeiro — avisei, num sussurro embriagado de tesão, sentindo sua mão apertando meu membro duro mesmo de costas.

Joguei-a no sofá e retirei rapidamente seu par de coturnos feminino, o cinto exótico com fivela e a calça de couro. Observei o tom acinzentado que a luz da lua projetava sobre sua pele pálida e como isso a deixava incrivelmente linda, especialmente com a meia calça arrastão com abertura entre as pernas.

Senti minha cueca ficar ainda mais apertada. Atirei com força minha boca sobre a calcinha e imediatamente a movi para o lado com um dedo.

Projetei toda língua para fora e molhei ainda mais sua brecha num passeio lento e indecorosamente erótico, lambendo toda sua extensão. Afastei e mirei outra vez o corpo dela, ainda de joelhos, vislumbrando suas pernas lisas e esculturais erguidas no ar e envolvidas por uma rede escura.

Daquele modo extremamente convidativo, separei seus lábios sexuais com os polegares e precipitei-me outra vez sobre sua fenda com todo o calor e paixão que me compunham naquele momento, deixando que minha língua a explorasse, várias e várias vezes, de cima para baixo e vice-versa, evitando, propositalmente, na maioria das vezes, qualquer contato com seu ponto mais sensível.

Quando suas pernas reclinaram-se sobre meus ombros, coloquei um dedo em seu recôndito escorregadio e delicioso e disparei uma série de ferroadas rápidas em seu clitóris. Por dentro, contraía o dedo como se a chamasse; e, por fora, vibrava a língua como se incitasse seu clímax.

Aos poucos suas coxas começaram a apertar meu rosto ardente. Meu nariz, inteiramente mergulhado em seus pelos, pressionava-a através do osso púbico.

De repente, seu quadril começou a tremer e o aperto ficou mais forte. Acelerei o movimento da língua, obrigando-a a cruzar as pernas convulsivamente nas minhas costas, segurando-me com firmeza, puxando-me ainda mais em sua direção ao mesmo tempo em que seu espasmo gozoso enchia minha boca com seus fluidos.

Verônica riu e ergueu os braços acima da cabeça, mordendo a si mesma. Seu corpo ainda estremecia quando tirei sua calcinha e a meia calça. Em seguida, ao abaixar minha cueca, senti a ponta de um dos dedos de seu pé tocando minha ereção fervente. O contraste de temperatura incitava ainda mais meus sentidos à loucura.

Ainda com os braços erguidos, ela sorriu diabolicamente ao observar meu sorriso pervertido que lhe cedia bandeira branca para me provocar com os pés. Eles eram brancos, bem cuidados e esmaltados de preto.

Com um deles, estimulou minha extensão erguida num vai-e-vem lento e malicioso. Com o outro, deslizou-o internamente entre minhas coxas até massagear a pele abaixo do meu membro.

Quando não aguentei mais aquela tortura deliciosa e o poder que seus pés tinham sobre meu estado, busquei uma camisinha no bolso da minha calça. Antes que pudesse abri-la, Verônica sentou-se rapidamente no sofá e colocou na boca o máximo que pôde da minha ereção, molhando-a com extrema devoção.

— Não podia deixar de sentir ele na minha boca. — Sorrimos sem mostrar os dentes. — Agora vem.

Meu membro escorregou facilmente entre seus lábios íntimos. Inclinei-me sobre seu corpo e nos beijamos enquanto atacava-a com o quadril. Depois, sentei-me enquanto ela repetia a primeira posição quando chegamos, mas dessa vez, sem roupas e unidos como um corpo só.

Por fim, a ergui com meus braços sob seus joelhos, levando-a até a parede. Agora, era ela presa ao concreto contra o meu quadril, penetrando-a maciça e intensamente.

De repente, ela se retorceu no ar. Um soluço ficou preso em sua garganta enquanto o prazer insuportável dentro exigia ser expulso. Saí de dentro dela e uma abrasadora cachoeira de deliciosas sensações manou do núcleo de sua feminilidade.

Beijei-a mais uma vez, mas com ternura, um beijo amoroso que não havíamos trocado em nenhum outro momento.
Dormimos juntos no quarto que a amiga havia lhe cedido. Minha mão entre suas coxas e o membro flácido e quente na sinuosa curva entre seu bumbum e a perna.

***

Na poltrona do avião, lembro-me da madrugada que tive e do quão frustrado fiquei quando Verônica não quis me passar seu telefone. Aquela loira gótica havia roubado meus pensamentos.

— Você é um desses filhos da puta que deixa a gente apaixonada. Não quero arriscar — disse, devolvendo o copo de café que eu havia feito e levado para ela na cama.

No som, a comissária de bordo solicita que todos os celulares estejam desligados ou em modo de voo para o procedimento de decolagem. Puxo-o do bolso, vejo mensagem das colegas cariocas antes de desliga-lo e sinto um papel amassado.

Nele, um número de celular com código de Belo Horizonte e uma breve mensagem: “Não resisti à vontade de te passar meu número – V”.

Autoria: Conto erótico escrito/enviado por G.S.

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